O Busto-retrato e as Origens da Arte Romana

por Isabelle Silva


O Império Romano foi uma civilização conhecida por seu grande poder militar e governamental. Como se faziam vastas as terras e culturas que havia herdado de várias batalhas, Roma se aproveitou de ideias gregas e etruscas para criar, de certa forma, o seu próprio estilo de arte, que tinha como objetivos maiorais a demonstração do poder e de registrar a história de seu império. 


     Desta maneira Roma se torna uma civilização de imagens que, muitas vezes, irá copiar obras pertencentes a outros povos, mas sempre as relacionam a diferentes significados. Os romanos envolveram suas crenças, mas de forma a mostrar o poder que seus imperadores e que o próprio império romano tinha; dimensões e truques visuais serão incorporados na arte romana, e a relação dos romanos com a guerra será bem perceptível em algumas de suas obras, visto que, para eles, a guerra era uma obrigação e tal caraterística não poderia deixar de ser representada.


As Origens


Fonte: www.docsity.com - Vinicius Viscardi

   Por Roma ter sido um império de bastante poder, muitas civilizações foram conquistadas por eles, o que acarretou em mudanças para os mesmos, tanto religiosas quanto artísticas. 
     Os povos que exerceram maior influência sobre os romanos, pelo menos em quesitos artísticos, foram os etruscos e gregos. Os etruscos eram grandes construtores e reproduziam suas histórias em seus cemitérios e sarcófagos, como se quisessem contar quem por ali passou e quais legados deixaram, já os gregos se importavam muito com a estética, por isso eles não ligavam em representar as pessoas de forma diferente de como elas realmente eram, suas esculturas tinham uma ‘melhora’ das características do representado, formas bem detalhadas e na maioria das vezes eram representações de seus deuses.

O Busto-retrato

     O retrato, ou, como era chamado pelos romanos, Imagines Maiorum, foi uma importante peça para entendermos o orgulho que os romanos tinham pela sua história e por seus antepassados. Eles eram pragmáticos, usavam das técnicas gregas, mas privilegiavam o realismo; tinham como funções ir através da morte de modo comemorativo, mas acima de tudo era uma afirmação política e social. 
     Os bustos-retratos consistiam em esculturas que detalhadamente copiavam as feições de um certo indivíduo, como forma de solidificar a imagem. Os principais representados eram os pater familias (patriarcas) - que tinham poder total sobre suas famílias, podendo até mesmo declarar, como punição a um filho, a morte do mesmo. Quando o patriarca vinha a falecer era tirada uma máscara funerária de seu rosto, que conservava um retrato extremamente realista de tal indivíduo e que não disfarçava a idade, visto que as rugas se mostravam nitidamente, representando assim um indivíduo sábio. e desta forma faziam-se os bustos-retratos romanos. Tal técnica vinha com uma lei chamada ius imaginum, que determinava que apenas as famílias patrícias (nobres) poderiam usar a imagem de seus antepassados.



Busto de homem, mármore, meados do séc. I a.C. Metropolitan Musem of Art, Nova Iorque. 
Fonte: metmuseum.org

Os bustos ficavam nas casas romanas e eram colocados junto dos lares, que era o nome dado aos deuses ligados àquela família, lugar onde sempre deixavam o fogo aceso (o que dará origem a palavra lareira).


Representação de “lares”. Fonte: jesus-maria.net



Além de usar o molde do rosto do falecido para a criação da escultura, ele também era usado como máscara em determinadas datas, como forma de reprodução da feição dos antepassados. Com o transcorrer do tempo, as pessoas passaram a usar o busto de seus ancestrais nestas datas como forma de mostrar o poder e a nobreza de sua linhagem dentro da sociedade romana.

Retratos de Fayum

   Em uma era mais tardia da arte romana, e com a civilização egípcia fazendo parte do império, o uso dos retratos passa a ser mais comum. Essas imitações dos rostos das pessoas não serão apenas esculpidas, mas também pintadas, caracterizando o estilo Greco-romano no Egito nos Retratos de Fayum, que eram pinturas, de certa forma, melhoradas dos falecidos feitas sobre madeira.
     Mesmo com essa expansão artística e toda a miscigenação entre os povos, os egípcios mantiveram suas crenças e apenas se adaptaram ao estilo de vida romano, tantos é que as tradições funerárias continuaram, só que com o uso de  retratos para serem incorporados em sarcófagos como representações a face vida de pessoas mumificadas.



Retrato do Menino Eutyches, 100-150 d.C. Metropolitan Museum of Arte, Nova Iorque.
Fonte: metmuseum.org

Antes da queda

A arte romana passa a sofrer mudanças por conta da junção de muitos povos a Roma, o que levará a uma nova era, a Idade Média. Um dos aspectos dessa evolução será o aumento dos olhos, sinal de uma nova espiritualidade que invadirá o império romano; nesse caso seria a apropriação do cristianismo como religião única. 
     Constantino foi o primeiro imperador a se converter ao cristianismo. O mesmo impôs o cristianismo como religião única, o que tinha como um dos objetivos unificar Roma, visto que o império tinha uma grande variedade religiosa, o que poderia afetá-lo politicamente. Mesmo assim, a queda do Império Romano foi inevitável.


Cabeça Colossal de Constantino, 313-324 d.C. Fonte: Wikimedia.org




Comentários