Por Beatriz Pereira, Fábio Skalecki, Larissa Portela e Raiani Ferreira
O Egito surgiu a partir de uma civilização africana que se desenvolveu ao redor do Rio Nilo e possuí mais de 5 mil anos de história. As crenças do Antigo Egito carregam fortes influencias até os dias de hoje, como os obeliscos em praças públicas e o símbolo da justiça que é composto por uma mulher segurando duas balanças.
Antes mesmo da unificação dos dois reinos do Egito já se identificava o culto a deusas, sendo elas a deusa-serpente Wadjet que era cultuada na Terra Vermelha e que simboliza fertilidade e a deusa-abutre Nekbet, cultuada na Terra Branca que traz o símbolo da transformação e vida.
Deusa Nekbet em seu templo construído em Nekheb por volta de XXIX (399 a 380 a.C.) e XXX (380 a 343 a.C.) (Fonte: site Fascinio Egito)
No quarto milênio a.C. é onde a agricultura se desenvolve e o Egito começa sua ascensão. Com isso se inicia os cultos religiosos. Grandes culturas aparecem nessa época, como a necada que introduz e unifica o Alto e Baixo Egito. Esses não são os únicos períodos importantes para esse império, mas no aspecto religioso aconteceu um grande desenvolvimento. Alguns séculos depois, no neolítico (ou período da pedra polida) a religião egípcia começa a se desenvolver e criar raízes e fundamentos muito importantes, como o costume de desenhar animais em amuletos, pedras ou tabuletas. Os animais tinham como referência os deuses, representam figuras como o falcão (Hórus), cachorro (Anúbis), jacaré (Sobek). A simbologia trazida pela civilização egípcia se tornou a base para muitas pessoas atualmente defenderem que eles tiveram uma fase totemista, ou seja, de forma simplificada seria um conjunto de ritos e práticas que tinham como admiração o totem (com a imagem de seus Deuses).
CENTROS RELIGIOSOS
Os centros religiosos acabavam sendo alterados toda vez que acontecia uma mudança dinástica. Os 4 principais centros estavam localizados em Mênfris, Heliópolis, Hermópolis e Tebas. Cada santuário era considerado o Centro do Mundo, ou seja, o lugar onde havia começado a criação e possuía a sua história Sagrada - mitologia.
Teologia de Mênfis (paredes brancas) - 3100ª a.C. Foi o primeiro centro religioso, a sua cosmologia é a mais antiga. O objetivo dessa história era contar que o universo foi criado pelo poder criador do pensamento e das palavras de um único Deus denominado Pthaque, ele criou com o seu espírito (coração) e verbo (língua) o primeiro casal, Shue e Tefnut, a partir deles novos casais foram criados.
Teologia de Heliópolis - É o que fornece o mito mais importante. O personagem bíblico José do Egito teria se casado com a filha de um sacerdote da cidade de Wn Annu ou Innu, ela era a sede do culto solar. Atum (Deus que posteriormente se junta a Rá) é a origem ou essência dos deuses e dos homens, dele origina o casal primordial, Shu e Tefnut. A grande Eneada é formada por um grupo de nove deuses/deusas (neteru), Atum, Shu e Tefnut; Nut e Geb; Ísis, Osíris, Set e Néftis. Atum representa a primeira realização da existência, ele surge de Nun - águas primordiais - que possui os princípios masculinos e femininos.
Teologia de Hermópolis - Lótus emergiu nesse local trazendo a semente da criação - criança, pássaro, luz. Seguiam a teoria da Ogdóade - oito deuses iniciais, sendo três casais que se juntaram a Ptha, Nun e Naunet (águas primordiais), esses casais são: Huth e Hauhet (eternidade), Kut e Kauket (escuridão) e Amon e Amaunet (ar). Eles reinaram sobre a terra, depois de sua morte continuaram a existir no além-vida, onde passaram a assegurar que o Rio Nilo fluísse e o sol nascesse para que a vida pudesse continuar a florescer na terra (DAVID,2011,p.127).
Teologia de Tebas - Colocou o Deus Amon no centro da criação, no Novo Império ele é o princípio e a causa final da criação Atum, Amon e Ptha seriam a mesma fonte primordial da vida no universo e da ordem, porém, com nomes diferentes.
A cultura egípcia considerava a perfeição sob o ponto de vista cosmológico, religioso, social e ético. Segundo eles tudo que existe desde fenômenos naturais, plantas, calendários, escrita, rituais, foram criados no tempo inicial, o tempo de Rá. Eles acreditavam que tudo que existia estava interligado em um conceito de ordem. Essa ordem era personificada na deusa Maat. A ética fazia parte da ordem, o princípio de ordem e equilíbrio era o que mantinha a vida e a constância. Modificar algo iria trazer o caos.
Tudo possui uma ordem, um desses padrões seria o aspecto cíclico da natureza, nascimento – morte - renascimento, e seus ritmos observados na passagem do sol, nas fases da lua, no decorrer das estações, era uma mudança que seguia em ordem. Esse ciclo fazia a manutenção da crença e reencarnação. Osíris é o símbolo desse pensamento.
Para os egípcios, uma pessoa promoveria em toda sua existência uma viagem através de três mundos: Mundo Superior- Nut - permanência/morada/descanso; Mundo Intermediário - Dwat - descanso/reflexão/purgatório; Mundo Inferior - Ta (Terra)/ aprendizado/trabalho.
Para educar sobre esta jornada foi produzido o “Livro dos Mortos”, que revela sobre os mistérios da vida, os mistérios da morte e que há continuidade da vida depois da morte. As cores serviam para informar sobre conceitos e ideias, a cor preta representava a vida e o renascimento. O Egito era originalmente chamado de “Terra Negra” (Kemet em egípcio), fazendo referência a cor escura do lodo trazido pela inundação do rio Nilo, a cor vermelha representava o perigo e a morte “Terra Vermelha” (Deshret em egípcio).
O JULGAMENTO
A construção das pirâmides como proteção aos túmulos dos faraós se atrela as práticas de mumificação, pois os egípcios acreditavam que o morto poderia continuar a existir ao redor do seu túmulo ou viajar para o outro mundo identificando-se com os deuses. Entre a morte e a incorporação existia um julgamento.
Cena que mostra o ato da pesagem do coração do morto, presente no livro dos Mortos. A esquerda está Anúbis entrando com Hunefer, Anúbis aparece uma segunda vez verificando o equilíbrio da balança. Thot aparece registrando o resultado da pesagem. O mostro com cabeça de crocodilo é a Devoradora que está á espera do resultado. Após a pesagem está o Deus Hórus apresentando Hunefer a Osíris sentado em seu trono, no qual aparece um lótus com os quatro filhos de Hórus, atrás de Osirís estam as Deusas Ísis e Néftis. No Canto superior Hunefer aparece venerando um grupo de divindades a Enéade de Heliopolitana sem Seth. 19º dinastia. Londres, Museu Britânico. (Baines, John, 1996,p. 218).
O Julgamento representado em túmulos, papiros, sarcófagos e mortalhas, tem como tema principal a pesagem do coração do morto em uma balança com Maat, Deusa com uma pena e uma fita em volta da cabeleira, de um lado da balança o coração do morto e do outro uma pena. Thot o Deus da sabedoria e da justiça faz a pesagem do coração diante de Osíris, que ministra a pesagem em uma sala com 42 juízes, se o coração e Maat estiverem em equilíbrio o morto é apresentado a Osíris, se o coração pesasse mais que a pena o coração do morto era devorado pela deusa Amut, mostro feminino chamado de “Devoradora” ou “Devoradora dos Mortos”.
MUMIFICAÇÃO
A mumificação está atrelada a vida religiosa dos povos egípcios, segundo eles a alma chamada de “bá” retornaria um dia ao corpo, e este então poderia ressuscitar. Essa ressureição só seria possível se o corpo estivesse intacto, por isso a constante preocupação em conservar os corpos, a mumificação foi a maneira encontrada pelos egípcios para conservar esses cadáveres.
(Fonte: site Wikipédia)
O ANTROPOZOOMORFISMO E POLITEÍSMO
No Antigo Egito, o culto aos Deuses era extremamente ligado a forma de poder político/religioso que os Faraós tinham sob a população que regia. Acreditava-se que os Faraós eram os seres terrenos com a ligação mais próxima aos Deuses, portanto, das 30 dinastias era cultuado um Deus predominante.
Para os egípcios existiam Deuses de várias formas, com forma somente animal chamado de zoomorfismo, somente com forma humana chamado de antropomorfismo e a forma mais comum chamado de antropozoomorfismo junção de características humanas e animalescas (antropo - homem, zoo - animal, morfismo - forma).
Os egípcios acreditavam que seus Deuses estavam relacionados com fenômenos naturais como o sol e as cheias do Rio Nilo, e quando eles necessitavam de algo pediam ao Deus correspondente. Essa religião possuía dois conceitos extremamente importante: maat e haka, sendo o primeiro para viver uma vida correta e harmônica com o universo, e a segunda era voltado para a mágica e afirmava a importância dela na criação do universo e no poder dos deuses. Outra curiosidade é que cada lugar no Egito cultuava um Deus diferente, mas quando alguns desses lugares se uniam para aumentar o poder político, o culto a esses Deuses se unificava, ou quando uma região era dominada por outra os Deuses do povo dominador passavam a reinar na região conquistada.
A DIVINDADE FEMININA
Com a sua importante missão de gerar uma vida, tinha em seus deveres: conceber, zelar e curar. Justamente porque ela era protetora de todos a sua volta.
A mulher no Egito podia ter influência tanto religiosas como decisões políticas importantes, receber cargos como de Faraós e serem cultuadas como Deusas.
Em suas percepções e trajetórias, a mulher egípcia tinha seus direitos respeitados, o que as permitia decidir o melhor caminho para suas vidas.
DEUSAS DO EGITO
Entre muitas divindades femininas nota-se uma certa semelhança no significado das suas representações para os cultos. As Deusas representam muitas vezes a fertilidade e a maternidade, como as Deusas Ísis e Néftis.
DEUSA ÍSIS:
Deusa da Magia, protetora do lar e das crianças, uma das Deusas mais populares da cultura egípcia, criando-se então mitos a sua imagem, um deles sobre a criação do mundo, que foi bastante conhecido na cidade de Heliópolis. O mito contava que a Deusa Ísis se casou com seu irmão (Deus Osíris) e assim, formaram o primeiro casal real pela crença egípcia.
(Fonte: site afrikaisi, Ano: 2007)
O mito de Ísis e Rá foi causado porque a Deusa queria descobrir o verdadeiro nome do Deus Rá, ela envenenou-o através de uma serpente e em troca de sua cura teria que lhe dizer seu verdadeiro nome, a muito custo conseguiu o que de fato queria e restabeleceu as forças do Deus Rá, esse mito ligado fortemente a importância da relação da Deusa com a magia. Ísis é representada com um trono na cabeça, dando assim ênfase no grande poder e influência que ela tinha, inclusive com os Faraós. Como costume egípcio para com os Deuses que tinham uma certa relevância protetora, criava-se amuletos para representar essas divindades, o Tyet, muito similar a um Ankh (a cruz dos egípcios), porém o Tyet tinha suas extremidades curvadas para baixo, era conhecido também como Nó de Ísis, quem o usasse ganharia proteção da Deusa em seu caminho.
A Deusa e seu amado Osíris, juntos, representam a realeza do Egito. Ela teve sua adoração espalhada por muito além das fronteiras egípcias como, por exemplo Império Romano, Espanha, Portugal, Arábia Saudita, etc.
As imagens dessa Deusa muitas vezes são representadas com Hórus em seu colo e lágrimas em seu rosto pela morte do marido, com um vestido longo e um sinal hieróglifo que significa rono em sua cabeça.
(Fonte: site Mil milhas Nilo acima, Ano: 2016 )
Conjunto em cobre do Período tardio 664-332 a.C. Mostra a Deusa Ísis amamentando o filho Hórus, ao lado estão Mut e sua irmã Néftis, á frente três serpentes (Uraeus) os protegem.
A imagem dessa divindade era colocada em sarcófagos de faraós tendo em vista a crença dos egípcios que ela os guiaria na vida após a morte.
Ísis é a forma grega do nome da deusa, que em egípcio antigo era Aset, que significa "assento" ou "trono". A Deusa costumava ser mostrada com um trono na cabeça. À medida que seus papéis divinos mudaram, sua aparência sofreu alterações. Hathor, uma antiga Deusa egípcia da maternidade, geralmente era apresentada com um disco solar e chifres de vaca. Conforme a imagem de Ísis foi se associando a maternidade, seu cocar mudou e se tornou como o de Hathor. A capacidade de Ísis de absorver novos traços foi útil para a sua longevidade e a difusão de sua adoração pelo mundo antigo.
Ísis (à direita), usando um disco solar com chifres, e seu filho Hórus gesticulam para Osíris sentado em um século IX a.C. pingente de ouro. Museu do Louvre, Paris
(Fonte: Site Nationalgeographic, Ano: 2020)
Nas tumbas das pirâmides de Saqqara se encontram as menções mas antigas de Ísis, que datam a época do Império Antigo (por volta de 2575-2150 a.C). A adoração de Ísis se expandiu além do Egito no período em que Alexandre, o Grande, conquistou o Egito (332 a.C.). O imperador abraçou a religião local e ao visitar a cidade de Memphis fez um sacrifício a Apis, um Deus associado a Osíris e que carregava características de um touro. Alexandre conectou o poder da divindade ao seu próprio reinado.
Ápis, Deus touro que representava o poder do faraó (Fonte: Site museuegipcioerosacruz)
Quando Alexandre morreu em 323 a.C., um dos generais, Ptolomeu I Soter, assumiu o controle do país e continuou a pratica de tolerância religiosa. Os Ptolomeus uniram uma nova elite macedônia com a população egípcia local através da fé.
A ilha de Philae, localizada no Alto Egito, era sagrada para a Deusa Ísis, nela foram construídos templos desde o século VI a.C.. A construção de um novo templo começou pouco tempo antes da conquista de Alexandre e foi concluída por Ptolomeu II Filadelfo e seu sucessor, Ptolomeu III Evérgeta, no século III a.C.. Nesse governo ptolomaico, aspectos de Osíris e Apis foram combinados com traços de Deuses gregos, assim foi criado uma divindade sincrética, Serapis. Para os mercadores alexandrinos, Ísis e Serápis tornaram-se associados à prosperidade, além da vida após a morte, cura e fertilidade.
Estátua de Serápis originária de Bagram (Afeganistão), no Museu Guimet. (Fonte: Site Wikipedia, Ano: 2020)
As adaptações romanas de Ísis aparecem em vários afrescos preservados sob as cinzas vulcânicas em Pompéia. A imagem mostra o chifre da abundância, um símbolo de Ceres, deusa romana da agricultura.
(Fonte: Site Nationalgeographic, Ano: 2020)
Uma obra do Templo de Ísis mostra a Deusa (sentada) dando as boas-vindas a Io, amante de Zeus, ao Egito. Museu Nacional de Arqueologia, Nápoles. (Fonte: Site Nationalgeographic, Ano: 2020)
DEUSA NÉFTIS:
Irmã de Ísis, no Antigo Egito eram representadas como Bem e Mal, Ísis como o bem e Néftis como o mal, entretanto, foram encontradas estatuetas da Deusa Néftis ao lado de camas para ajudar mães nos momentos de seus partos.
(Fonte: site Leopoldinaemummundodistante, Ano: 2009)
Néftis era mulher de Seth e talvez esse seja um dos motivos de associarem ela ao lado mal. Há um mito sobre a Deusa ter cometido adultério porque seu marido não poderia lhe dar filhos, então ela se transfigura em sua irmã gêmea Ísis e deita-se com seu cunhado Osíris, desse "laço" nasce Ánubis, Deus da mumificação. Não há muitos relatos escritos da Deusa Néftis, pois sua imagem está ligada a Ísis,elas eram representadas em tumbas como protetora dos mortos. A Deusa Néftis foi importante no Reino Antigo chegando até a baixa época, relacionada como auxiliadora dos mortos na travessia para o Julgamento de Osíris.
DEUSA AMUT
Deusa conhecida como “Devoradora dos Mortos”, representada como um chacal sem olhos, corpo de leão e cabeça de crocodilo, é a personificação da retribuição divina.
Detalhe da cena do Julgamento, a Deusa Amut com características do zoomorfismo (corpo de animal), aparece ao lado da balança aguardando o resultado da pesagem do coração do morto.
DEUSA MA'AT
Era a deusa da harmonia, equilíbrio, justiça e verdade. Ela guiou os faraós egípcios a governar com sabedoria e as pessoas a viverem de acordo com suas leis de equilíbrio e harmonia. Ela era frequentemente retratada como uma mulher coroada com uma pena de avestruz no cabelo. Ma'at regulava as estações, era responsável pelas estrelas e pela lua e por ordenar o caos. Quando um egípcio morria, eles eram entregues ao Salão da Verdade, onde Ma'at pesava seus corações contra uma pena. Se o coração e a pena se equilibrassem, o morto poderia ser bem recebido por Osíris no submundo.
(Fonte: Site thecollector, Ano: 2020)
DEUSA TAWERET
A deusa hipopótamo, guiou os antigos egípcios na fertilidade, no parto e na proteção das crianças. Ela era uma divindade popular central para o conceito de regeneração. Taweret foi destaque em muitos itens domésticos decorativos encontrados por arqueólogos modernos, como pratos, tigelas e lembranças de família. Seu companheiro era o deus anão Bes, o deus da fertilidade, humor e sexualidade.
(Fonte: Site thecollector, Ano: 2020)
DEUSES UNIVERSAIS
Alguns dos deuses egípcios eram universais, ou seja, não estavam ligados a apenas uma localidade do Egito, todavia, alguns deles faziam parte de sistemas teológicos locais, um exemplo é a Deusa Ísis que fazia parte da enéade de Heliópolis. Já outros deuses universais foram antes deuses locais, e depois se expandiram como é o caso do Deus Anúbis.
Osíris: Deus do Julgamento, do além, da vegetação, a representação é um rei mumificado, pele esverdeada, como forma de indicar que está de fato, morto.
(Fonte: site Vulgo Barba, Ano: 2015)
Cena do Julgamento do Livro dos Mortos, Osíris aparece sentado em seu trono, esperando pelo morto, atrás estão suas irmãs Ísis e Néftis.
Osíris era filho da junção dos Deuses Geb, Deus da terra e de Nut, Deusa do céu, tinha duas irmãs, Ísis e Néftis e um irmão chamado Seth. Osíris se casou com sua irmã Ísis e Seth com sua irmã Néftis. Ele foi designado a governar o Império Antigo e Seth ficou responsável por governar o deserto, o poder do irmão despertou a inveja de Seth, que monta um plano para matar Osíris.
Seth dá um banquete e convida Osíris, determinada hora do banquete apresenta um sarcófago ao irmão, com a promessa de entregá-lo a quem nele coubesse, Osíris experimenta o sarcófago e é aprisionado nele, conspiradores o atiram no rio Nilo, e as correntes levam o sarcófago até o mar Mediterrâneo.
Ísis sai a procura do marido, encontra-o e o traz de volta, deixando-o escondido em uma plantação de papiros, Seth descobre e esquarteja o corpo de Osíris em quatorze pedaços e os espalha pelo Egito.
Ísis com a ajuda de sua irmã Néftis conseguem reunir as partes do corpo, exceto o pênis, devorado por peixes, Ísis substitui o órgão por um caule vegetal.
Anúbis e Néftis, realizam a primeira prática de mumificação no corpo de Osíris, Ísis se transforma em uma ave (Milhafre), e com o bater das asas ressuscita o marido, ainda na forma de ave se une sexualmente a Osíris e dá origem ao filho Hórus.
Osíris passa a governar o reino dos mortos, cabendo a ele o julgamento do além-vida.
Anúbis: o Deus Anúbis, conhecido por ser o Deus da morte, um dos 42 juízes (número de províncias que existiam no Egito antigo) presentes na passagem da vida para a morte, possui características do antropozoomorfismo, corpo humano com cabeça de chacal, um Deus temido e adorado por seus fies. Esse Deus era filho bastardo de Osíris com Néftis (Deusa do deserto), Anúbis realizou a primeira prática de mumificação no Egito, feita no corpo de Osíris em sua morte causada por Seth.
A imagem decora o interior do sarcófago de Taho, do século 4 aC . Está atualmente no Museu do Louvre, em Paris.
DEUSES LOCAIS
Rá: Sendo o Primeiro Deus do Panteon, representado pelo Sol, a forma mais comum descrita é corpo humano e cabeça de Águia.
Os egípcios davam grande importância ao Deus Rá, pois compreendiam a importância do Deus ligado ao sol, elemento primordial para a vida em especial a agricultura.
Além de ser um dos principais Deuses, Rá é criador dos Deuses mantenedores da ordem divina, com a esposa Deusa Ret deram origem a genealogia de: Shu e Tefnut, Geb e Nut, Osíris, Seth, Ísis e Néftis.
Rá possui quatro fases, a primeira ao nascer do sol, a segunda no sol do meio dia, a terceira no pôr-do-sol e a quarta fase á noite, porém sua principal forma era a do sol do meio dia, representado nessa fase por uma ave, normalmente o falcão, possuía um obelisco como insígnia, um raio de sol. Além do falcão podia se transformar em leão, gato ou no pássaro Benu.
(Fonte: site Hiper cultura)
A imagem mostra um desenho do Deus Rá, representado na forma do sol do meio dia, com cabeça de um falcão, segurando um cetro e o obelisco, desenho encontrado na tumba da rainha Nefertari entre 1290-1254 a.C.
O culto a Rá se concentrava na cidade de Lunu, mais tarde os gregos nomearam essa cidade como Heliópolis (Cidade do Sol), nesse local reinava o Deus sol local chamado de Atum, que passou a se chamar Atum - Rá. Acredita-se que Rá teria vivido em Heliópolis e governado o Egito muito antes dos faraós.
Heliópolis foi um importante centro comercial no Baixo Egito, os sacerdotes da cidade possuíam grande prestigio o que levou os faraós de Tebas a denominarem Amon como seu Deus, criando a denominação Amon - Rá (Amon = culto e Rá = sol), designado protetor dos faraós, passando a ser a divindade de destaque do panteão egípcio.
Tríade Tebana: A cidade de Tebas, no sul do Egito, assim como Mênfis ao norte, tinha divindades locais que elas adoravam acima de outras. A Tríade Tebana (ou Royal Ka) consistia em Amun, sua esposa Mut e o filho Khons (deus da Lua). A Tríade era fundamental para a vida diária em Tebas e o foco do festival de Opet, no qual eles se mudaram de seu próprio templo em Karnak para o Templo de Luxor por um período de 24 dias de celebração.
(Fonte: Site thecollector, Ano: 2020)
Hórus: Filho de Osíris, os olhos representavam o Sol e a Lua, descrito como corpo humano e cabeça de Falcão.
Hórus é filho de Ísis e Osíris, ele foi concebido depois que seu pai foi assassinado por seu tio Seth (Deus do caos e da guerra). Ísis e Anúbis (filho bastardo de Osíris) reconstroem a imagem do Deus da vegetação como um pássaro.
Seth e Hórus nunca se deram bem. Tendo em vista que a missão do Deus dos Céus era vingar a morte de seu pai. Eles disputam inúmeras batalhas em uma delas Hórus perde seus olhos, o qual vira um amuleto de proteção contra o mau olhado para o povo egípcio, no entanto, logo que consegue recuperar um de seus olhos, ele finalmente derrota o tio, assim representando força, coragem e luz para os egípcios.
Hórus era encarregado de manter o equilíbrio, sendo uma espécie de ponte entre o mundo material e o espiritual, e com isso, ajudava os cidadãos de seu povo no juízo final.
Hórus era representado com a cabeça de um gavião (lembrando do politeísmo antropomorfismo) e sobre sua cabeça aparece a representação de um disco solar, mas pode variar e também ser uma coroa em forma de cone e as asas do gavião.
Em sua mão esquerda o deus carrega uma chave, que representa a vida e a morte.
A missão dos Faraós no Egito era de unir o céu e à terra, espalhar a prosperidade e vencer exércitos inimigos, e por conta disso eram considerado Deuses, muitas vezes uma reencarnação de Hórus.
(Fonte: site Diário de símbolos)
Seth: Irmão de Osíris, Deus do Caos, da desordem, da traição, inveja, da guerra e do deserto. Representado como um homem com a cabeça de um animal não identificado, faz parte da enéade de Heliópoles, foi responsável pela morte do irmão Osíris, era casado com sua irmã Néftis.
(Fonte: site Antigo Egito).
A esquerda o Deus Seth representado com corpo humano e cabeça de animal, e a direita o Deus Hórus adorando a Ramsés II em um templo de Abu Simbel.
Toth: Deus da sabedoria, responsável pela escrita hieroglífica, matemática, arquitetura, medicina e demais ciências que os egípcios faziam uso, representado com corpo humano e cabeça da ave íbis. Aparece na cena do julgamento registrando o resultado da pesagem do coração do morto.
(Fonte: site cantinhodosdeuses)
Detalhe da cena do Julgamento, do Livro dos Mortos, o Deus Toth com corpo humano e cabeça de Íbis, escrevendo o resultado da pesagem do coração do Morto.
Referências:
Baines, John. O mundo egípcio : deuses, templos e faraós , Rio de Janeiro, RJ : Fernando Chinaglia, 1996 .
BARBOSA, M. K. F. . O Sagrado no Egito Antigo. Diversidade Religiosa , v. v.1, p. 1-12, 2013.
https://www.nationalgeographic.com/history/magazine/2020/03-04/isis-egyptian-goddess-worship-spread-egypt-england/
https://www.thecollector.com/16-of-the-most-significant-gods-of-ancient-egypt/
Comentários
Postar um comentário